segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Meu bloco é meu povo, meu povo é meu país.

Meu país não é só bunda,
Não é só novela e futebol.
O meu país é a menina de 12 anos que se prostitui para viver,
É uma novela permanente dos políticos professionais,
É o trabalhador que dribla dia a dia para comprar o seu pão e não faz gol.
O meu país não só é são Paulo e Rio de Janeiro,
É o nordeste seco, o semiárido de pastos o norte chuvoso,
E carnaval não é só em fevereiro,
E farinha não é só tira-gosto.
E não é acomodado meu povo.
Minha gente samba o enredo da luta o ano inteiro
E tem dia que a farinha é ingrediente solitário de um prato milagroso
Meu país de milagres,
Não tem santo em altar banhado a ouro
Meus orixás são de combate,
Meu país não é branco,
Nem negro,
Nem indígena,
Ele é mestiço!!!
Cartão-postal da minha terra também é o morro de barracões,
Que a noite o beija com seu céu estrelado,
E pela manhã o faz de contas de um samba inacabado.
A música do meu país não só é bossa-nova “e maravilhosa que é”,
Mas também é o rock de Raul e sua metamorfose ambulante,
É forró de Luiz e sua asa branca,
É maracatu rural do negro canavieiro,
É o rap da favela do século XXI.
Saiba que aqui neste país não só passa carnaval pelas ruas,
Passam marchas de trabalhadoras e trabalhadores
Dançando, pintado e sonhando,
Em um só coro de samba
Viva a Revolução.                                                  Joelson Santos e Walter Titz Neto







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